Mais de R$ 26 bilhões foram gastos só com despesas previdenciárias acidentárias e 315 milhões de dias de trabalho perdidos, de 2012 a ...
Mais de R$ 26 bilhões foram gastos só com despesas previdenciárias
acidentárias e 315 milhões de dias de trabalho perdidos, de 2012 a 2017
Brasília – De 2012 até 2017, cerca de 15 mil trabalhadores não
voltaram para casa, no Brasil, entrando para a estatística de vítimas de
acidentes de trabalho fatais. "Além da perda de mais de 15 mil vidas
humanas, são 2.500 famílias que ficam órfãs a cada ano devido à negligência de
empregadores que não consideram o trabalho seguro como condição para o trabalho
digno", alertou o procurador-geral do Ministério Público do Trabalho
(MPT), Ronaldo Fleury, durante apresentação dos números atualizados do
Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho (observatoriosst.mpt.mp.br/),
na manhã desta segunda-feira (5).
No mesmo período, foram quase 4 milhões de acidentes e doenças do
trabalho, gerando um gasto maior que R$ 26 bilhões somente com despesas
previdenciárias e 315 milhões de dias de trabalho perdidos. "Estima-se que
o país perde R$ 264 bilhões, anualmente, com acidentes e doenças do trabalho, o
que corresponde a 4% do Produto Interno Bruto", revela o procurador do
Trabalho Luís Fabiano de Assis, responsável pelo observatório.
Para Ronaldo Fleury, a ferramenta, que é alimentada automaticamente por
meio de cruzamento de dados públicos, permite ao próprio governo elaborar
políticas públicas mais dirigidas e eficazes na área da saúde e da segurança do
trabalho. "Um país que esconde a sua realidade é um país fadado ao
fracasso. Precisamos reconhecer nossas fragilidades para termos melhores
condições de trabalho em um meio ambiente mais seguro para todos",
destacou o PGT.
O novo diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil,
Martin Hahn, e a diretora da OIT na área de gestão do trabalho e inspeção em
saúde e segurança do trabalho, Nancy Leppink, prestigiaram a apresentação dos
dados atualizados, assim como o ministro interino dos Direitos Humanos, Gustavo
do Vale Rocha, e a ministra do TST Delaíde Alves Miranda.
Participaram, ainda, do evento: a vice-presidente da Associação Nacional
dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Ana Cláudia Monteiro e o coordenador
nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho do MPT, Leonardo Osório.
Ranking – Segundo o observatório, a maior parte dos acidentes
entre 2012 e 2017 foram causados por máquinas e equipamentos (15%), atividade
em que as amputações são 15 vezes mais frequentes e que gera três vezes mais
vítimas fatais que a média geral. Para o procurador Luis Fabiano de Assis,
"os dados demonstram a carência de medidas de proteção coletiva e de
políticas de prevenção específicas para máquinas e equipamentos".
Os profissionais que atuam no atendimento hospitalar são os que mais
sofrem acidentes (10% dos casos), em especial aqueles que trabalham na
enfermagem e na limpeza. As principais ocupações atingidas são: alimentadores
de linha de produção, técnico de Enfermagem, faxineiro servente de obras e
motoristas de caminhão.
Diante do cenário pós reforma trabalhista, o procurador Luis Fabiano de
Assis afirma também que "é preciso fazer uma análise relativa dos
dados". Apesar de os registros de acidente de trabalho em 2017 (574.053
CATs) serem menores que os de 2016 (585.982 CATs), a acidentalidade não mudou.
"Se considerarmos o número médio de empregos com carteira assinada em cada
ano analisado, verificamos que o total de acidentes a cada 100 mil
trabalhadores formais não caiu, sendo de 1760 em 2016, e de 1761 em 2017",
explica o procurador.
No ranking geral, os estados de São Paulo (37%) e de Minas Gerais (10%)
lideram as Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs), e os gastos com
afastamentos previdenciários são maiores em São Paulo (23,34%) e em Santa
Catarina (10,11%). O ranking completo pode ser acessado na aba
"Achados", com informações por estado e por municípios, inclusive das
despesas previdenciárias realizadas.
Compliance - Na oportunidade, também foi apresentada uma nova ferramenta que
mapeia 35 milhões de estabelecimentos em todo o país, por meio da combinação de
dezenas de bancos de dados oficiais, para uso dos procuradores do MPT e dos
empregadores. "O objetivo é traçar um raio-x das empresas no campo das
relações do trabalho, envolvendo todos os atores responsáveis pela busca do
trabalho decente", conta o procurador Luis Fabiano de Assis.
Assessoria de Comunicação Social
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